sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Quinta, 15.11.11 - Gabinete de Gestão Integrada

Tudo começou com uma grande e clássica briga em família. A filha, usuária de crack, foi furtar objetos da casa da mãe e o padrasto, cansado da situação, impediu-a de fazê-lo. Nesse ato, acabou por empurrá-la. Nada lhe aconteceu, mas o seu namorado, também usuário da pedra foi tirar satisfações sobre o tratamento recebido pela amada em sua casa. E foi ameaça pra cá, ameaça para lá. Cada um contando uma versão dos fatos. A mãe disse que a filha lhe ameaça constantemente por causa da droga, já que secou a fonte de sustentação de seu vício. A filha se defende dizendo que na verdade a mãe que é traficante de drogas. E o jogo de empurra continua. Preferi acreditar na história da mãe. Sei que não devemos julgar as pessoas pela aparência, mas a magreza do casal que quis afrontar essa mãe era de assustar. Talvez se os usuários dessa pesada droga tivessem um espelho emcassa, resolveriam largá-la de uma vez por todas, porque não é nada bonito de se ver.

Feito o registro da ocorrência, as partes foram liberadas, dado que não havia violência na conduta de cada um e as ameaças dificilmente se concretizariam. Saí da DPPA e fui direto para uma reunião do Gabinete de Gestão Integrada, que reúne desde a Prefeitura Municipal, agentes de trânsito, bem como a Brigada Militar e a Polícia Civil. Lá comentamos a quantidade de homicídios que aconteceram na cidade (aproximadamente 50 até o momento) e tentamos traçar uma linha de combate a esse tipo de crime. Em verdade, no meu ponto de vista, não existe uma política de combate ao homicídio, existe sim um combate aos crimes que geram a maioria das mortes: o tráfico de drogas. O porte ou posse de arma de fogo também contribui para o aumento dos números. Constatei isso porque as estatísticas afirmam que as vítimas são em sua maioria homens brancos entre 18 e 40 anos, com passagem policial, principalmente envolvidos com drogas. A reunião foi conduzida pela Brigada Militar nesse primeiro encontro e nos próximos, seremos nós os responsáveis pelo levantamento das informações (mostraremos os andamentos inquéritos de homicídio e também as mortes decorrentes de acidentes de trânsito - que superam os crimes contra a vida). Agora um ponto positivo posso levantar: essas reuniões são muito salutares, e mostram que nós, as pessoas de bem, não estamos sozinhas nessa luta contra a criminalidade, e juntos podemos fazer um grande trabalho.

Saindo da reunião, fui verificar um caso de furto de tênis em loja, caso que normalmente não acaba em flagrante, devido à baixa lesividade da conduta. Entretanto, ao ser revistada, foi encontrado em seu corpo, outras peças de roupas de outras lojas. Assim, não me restou alternativa a não ser prendê-la em flagrante, não pelo ato isolado do furto, mas pela reiteração de condutas. Agora o que me deixa intrigado é a calma em ser presa. Parece que nada mais lhe atinge, a indiferença com que a própria pessoa trata o seu destino. Ao anunciar que seria recolhida ao presídio, nem uma mínima mudança no semblante, chegando a parecer que o direito penal perdeu a sua força coercitiva, que teremos que criar um direito novo para punir mais severamente algumas pessoas. A liberdade (bem mais do que valioso para a grande maioria das pessoas) já não vale mais quase nada para ela. Lá se juntará às colegas.

Também atendi a ocorrência de uma mulher tentando encontrar seu irmão desaparecido. O que constava no nosso sistema, ele já havia sumido outras vezes e encontrado posteriormente. É um cidadão do mundo (ou melhor, do Rio Grande do Sul, pois nunca saiu do Estado). Fomos parcialmente bem sucedidos: encontramos um endereço que ele indicou no começo do ano. Espero que consiga encontrar o ente querido, ainda que para um breve abraço, presumindo-se que a tendência é que ele desapareça de novo.

Outro caso em que registrei a ocorrência foi o de uma menina que chegou como reosto todo cheio de unhadas. Segundo contou, possui um ex-namorado, com o qual ainda sai de vez em quando, e a atual namorada, não contente com a situação, sempre que aencontra, a agride. No dia de hoje, encontrou o casal tomando café e partiu para cima da concorrente e acabou acretando socos, unhadas e alguns puxões de cabelo na vítima que se apresentava para mim. E o bonitão o que fez se estava presente no momento das agressões? Simplesmente saiu de cena e foiem sua casa pegar as roupas da atual namorada para entregar a ela e terminar o namoro. Na verdade, para não se meter na briga, o covarde, em vez de tentar separá-las, já que era o pivô de todo o contratempo, simplesmente deixou o circo pegar fogo. As duas brigando pelo seu amor e ele nem ligando. Por isso sempre que chega alguma mulher vítima de violência, onde o homem é o centro de todo o furacão, digo e reafirmo, como diz o bom samba "tem que lutar, não se abater, só se entregar a quem te merecer". Na maioria das vezes quando ocorrem violências, esses homens não merecem essas mulheres (e vice-versa).

Por fim, um embrigado para encerrar com chave de ouro. O cara vem, bêbado, não reduz a velocidade na rotatória e bate em um poste com toda a família dentro do carro, inclusive um bebê, e ainda acha que tem razão. Aqui tentou se justificar que a culpa é da Prefeitura que fez as vias muito estreitas, quando na realidade, quem colocou toda a família em risco foi ele mesmo. Esse é o pior bêbado, o que não assume que errou, porque daqui a um par de dias estará dirigindo embrigado de novo, e da próxima vez talvez não seja o pste a vítima, mas outra pessoa, ou quem sabe um familiar. Será que vale a pena pagar para ver? Eu acho que não.

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