quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Quarta, 17.08.11 - mudanças na titularidade da DPPA


Dia de grandes mudanças. Hoje comecei o dia recebendo um empresário que nos emprestou uma máquina de suco (artificial) e ao mesmo tempo doou 120 litros para deixar aqui na Delegacia (e prometeu repor sempre que preciso), a serviço tanto dos meus policiais, quanto do público que nos visita. O resultado foi bem positivo, até pessoas de outras delegacias aqui vieram para “roubar” um pouco no nosso suco. Foi um gesto simples, que alegrou o começo do nosso dia. Às vezes pequenas coisas fazem uma grande diferença. Hoje tiveram a certeza de que eu me preocupo com o bem estar daqueles que trabalham comigo, e que farei o possível para mudar a realidade em que vivemos.

Também conversei com outro representante comercial sobre o asfaltamento de nossa garagem. Recebi uma mensagem positiva, embora esperasse um pouco mais de abertura. O material para a obra nós teremos, porém preciso encontrar a mão de obra para o feito (vou buscar ajuda do Exército, eu acho). Sou muito grato por ter tido essa oportunidade de inovar, de tentar algo diferente. Vou me arriscar, quero melhorar a cada dia o nosso serviço, seja para o público interno (policiais), seja para o externo (pessoas que recorrem a nós).

Hoje foi o dia do autógrafo. Perdi as contas de quantas vezes tive que assinar os papéis que me eram apresentados. Devo ter até vendido o carro no meio dessa papelada e nem percebi. Mas ao menos coloquei em dia as ocorrências registradas anteriormente, bem como os procedimentos que já haviam sido instaurados.

Também expus à minha superiora as minhas intenções quanto às reformas que estou promovendo e as propostas de marketing para a Polícia Civil em geral. Fiquei mais uma vez satisfeito com o resultado. Ela adorou o trabalho e inclusive me deixou continuá-lo, não apenas para a minha Delegacia, mas para toda a Polícia Civil na cidade! Inclusive me propôs uma nova atribuição: trabalhar no setor de informações e marketing. Vai ser um desafio que abraçarei com todas as forças, já que não sou de correr ou fugir dos obstáculos que se apresentam.

Porém, lamentavelmente terei que deixar a titularidade da Delegacia em que trabalho. Entretanto até essa despedida está sendo positiva, pois pude ver o quanto os meus policiais gostaram do meu trabalho. Me disseram: “time que tá ganhando não se muda Delegado!”. Sinal de que cumpri a minha missão, a meta que havia proposto a mim mesmo, de desempenhar o papel de maneira exemplar, e com o apoio incondicional da maioria dos que estão comigo. Não deixarei a DPPA de vez, portanto continuarei nos sagrados plantões, com a única diferença de que não mais decidirei administrativamente como andará a Delegacia. Agora competirá à uma brilhante colega que também se formou na Academia de Polícia recentemente (era apenas de outra sala diversa da minha). Desejo a ela toda a sorte do mundo, e todo o apoio também. Como ficarei por aqui, prestarei essa ajuda sempre que me for requisitada, por ter adquirido essa experiência ainda que em um curto espaço de tempo (8 meses aproximadamente).

Quanto aos famosos casos, hoje cumprimos um mandado de prisão que estava em aberto. Recebemos uma denúncia anônima de onde estaria a foragida e minha equipe Volante se dirigiu ao local e efetuou a prisão. Felizmente não houve reação (pelo que me contaram os policiais, só faltaram servir cafezinho, tamanha a qualidade de trabalho que nós atingimos e o respeito da sociedade para conosco).

Além disso, outros dois indivíduos foram detidos portando uma arma de fogo. Estavam em uma moto roubada há cinco dias e a Brigada Militar suspeitou da atitude deles quando se aproximavam de uma farmácia – provavelmente para realizar outro roubo. O trabalho da PM foi importantíssimo, por ter tirado das ruas esses perigosos comparsas. Para terem uma ideia da periculosidade deles, no revólver havia cinco cartuchos, sendo três deles percutidos, mas não disparados (ou seja, atiraram anteriormente contra alguém, só que esse alguém teve tanta sorte que nas três vezes em que dispararam a arma falhou, apesar de ter percutido no fundo do cartucho). Receptação e porte de arma de fogo são os crimes pelos quais responderão pelo fato cometido hoje, mas a Delegacia de Roubos contatará as possíveis vítimas, e espero que sejam reconhecidos, para vinculá-los à grande parte dos crimes de roubo da região. Se isso ocorrer, retiraremos dois marginais das ruas e também ajudaremos a Delegacia especializada, que poderá “resolver” diversos casos com autoria ainda desconhecida.

Houve ainda um roubo a pedestre em que a vítima reagiu ao assalto ao ver que nenhum dos autores estava armado. Eles nada conseguiram levar e saíram caminhando, mas enquanto isso os amigos da vítima cruzaram com a viatura da equipe Volante e pediram apoio. Logramos êxito em deter o suspeito e a vítima confirmou a identidade do sujeito. O outro não foi encontrado. De qualquer forma, foi mais um brilhante trabalho executado, pois os policiais não se furtaram em nenhum momento no atendimento à emergência, muito pelo contrário, se mostraram diligentes (como sempre o fazem). Para essa dupla não existe tempo ruim, pode chamar que eles estarão lá!

Por fim, recebemos outros dois indivíduos como suspeitos de furto escalada em estabelecimentos comerciais. Sobem pelo telhado, retiram as telhas e ingressam no local almejado. Lá dentro escolhem os bens (e como escolhem mal, porque na maioria das vezes são bens de pouco valor) e tratam de retirá-los. Nesse caso específico entraram pelo telhado e tentaram sair pela janela levando um microondas, mas ao romper um vidro, um deles cortou a mão e ainda por cima teve que sair pelo buraco que havia entrado. Resultado: paredes todas sujas de sangue e poucos bens subtraídos. E o cara de pau ainda me narrou a versão de que teria sido agredido ontem por desconhecidos (eis a razão dos machucados). Ah como a mente pode ser fértil, acho que no caminho para a Delegacia eles vão bolando uma versão mais mirabolante que a outra, porém quase nenhuma cola.

Falando em versões, lembrei de uma senhora trazida aqui acusada de furto de carne em um supermercado. Ela me contou aos prantos que era uma mulher honesta e que a carne teria atirado contra um dos atendentes do mercado porque ele teria iniciado uma briga com ela. Eu acreditei no que ela disse, tanto que tentei confrontar com a história passada pelo segurança. Mas a velhinha não contava com a tecnologia. Foi-me mostrada a filmagem do momento do furto, a senhora havia escondido na bolsa e tentado sair de mansinho, sendo pega logo após deixar o caixa. Isso tem um lado positivo, de SEMPRE ouvir todas as partes envolvidas, no trabalho ou em qualquer área na vida, mas também traz algo de negativo, que é passar a desconfiar de tudo o que te contam. Eu ainda estou só no lado positivo, e pretendo continuar assim por muito tempo, ouvindo a todos, mas não perdendo nunca a confiança que tenho nas pessoas. 

Na troca de plantão fiquei um pouco a mais para ensinar alguns atalhos para a amiga que assumirá a minha função. Mais uma vez desejo-a muita sorte e paciência (porque ela vai precisar).

Nenhum comentário:

Postar um comentário