segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Segunda, 29.08.11 - Plantão tranquilo.


Esse plantão que passou foi um dos mais tranqüilos em que trabalhei nesses meses. Depois da tormenta veio a calmaria e pude usar dessa tranqüilidade para refletir sobre o trabalho e também para dar um apoio aos policiais que estivessem precisando de um conselho.

É impressionante como coisas simples podem fazer toda a diferença. Aqui temos um policial que é muito grande, mas muito grande mesmo, pra dar um abraço nele precisamos de ao menos duas pessoas, entretanto, apesar do tamanho, é uma criança. Não imaginam o quão grato ficou só porque eu redigi um ofício e telefonei ao setor de armas da Polícia para que a arma que ele portava fosse substituída por outra mais nova (já que ele a possui há mais de 10 anos). Dizia todo alegre, “valeu meu mano”. Ainda tive oportunidade de ajudá-lo em uma quase encrenca que ele se meteu. Uma senhora veio registrar uma ocorrência de ameaça e ele, arrebatado pela emoção, resolveu sair da Delegacia e ir ao local para verificar a veracidade do fato. O resultado foi que o antes acusado veio registrar uma ocorrência narrando o que havia se passado. Tiver que intervir para saber realmente o que havia acontecido, pois poderia ser que sobrasse alguma acusação contra o grandão. Por sorte o meu policial agiu profissionalmente e não se deixou levar pelas narrativas da senhora (somente no primeiro momento), tratando sempre com respeito o suposto acusado. Ainda assim, agradeceu demais só por eu ter “arredondado” a situação – quando na verdade não precisei fazer nada demais – só aclarar alguns pontos que haviam ficado obscuros no primeiro depoimento prestado pelo acusado.

Além disso, voltei à Central de TCs para conversar com o pessoal que lá estava e que aos poucos vai tentando voltar à rotina depois da perda que tivemos. Estavam um pouco mais animados, voltamos a conversar e a dar risada sobre as coisas que vivemos, sobre a teimosia daquele que nos deixou (que trabalhava tão bem que temos pessoas identificadas até o meio do mês de setembro para trabalhar, quando então deveremos encontrar alguém para substituí-lo). E aos poucos vamos retomando a vontade em trabalhar, tentando preencher a lacuna deixada.

Fui também ao novo local de trabalho conforme havia citado anteriormente. É uma simples sala, mas gostei muito do que vi, e acho que serei útil, já que apenas um policial exerce as suas funções por lá. Irei para somar e não para delegar funções ou para determinar alguma coisa (pelo menos não nesse começo atividade). Já tenho várias ideias para aprimorar o trabalho lá exercido, e aos poucos vou contando como elas estão – pelo menos aquelas que eu conseguir implementar.

Com relação ao marketing da Polícia Civil, hoje demos mais um importante passo. Consegui junto à Prefeitura, um espaço para colocação do nosso outdoor. O slogan já foi criado e já pedi que fosse realizado um esboço para apresentar para a chefia. Espero que aceite a criação e que a aprove, pois estaremos divulgando a nossa marca. Apesar de existir há muito tempo, poucas pessoas (inclusive operadores do direito) sabem para que serve a Polícia Civil, qual a distinção dela com relação à Polícia Militar, qual a atribuição de cada uma. E é dever nosso expor o que fazemos e como podemos melhor servir à sociedade na qual nos inserimos. Estou sempre à disposição para dirimir eventuais dúvidas a esse respeito.

E quanto às ocorrências, de acordo com o dito acima, nada de grave ocorreu, nada que já não fosse a nossa rotina diária. Houve apenas uma prisão em flagrante, pelo porte de uma arma de fogo, mas como o acusado pagou fiança (a arma era de calibre permitido, o que possibilitou essa saída legal a ele), acabou sendo solto para responder ao processo em liberdade.

Também foi encontrado um cadáver de uma senhora, que possivelmente morreu na noite de sábado para domingo, mas ao verificarmos melhor os fatos (com a ajuda imprescindível dos peritos) entendemos que houve uma morte súbita. A senhora era diabética, já estava cega em decorrência da doença e por complicações dessa acabou falecendo sem assistência médica.

A velha ocorrência da lei Maria da Penha também compareceu. Um guardador de carros, ao chegar em sua casa, após ingerir bebidas alcoólicas, ameaçou a companheira com uma faca de cozinha. Por sorte a irmã da vítima interveio, separou as partes e chamou a Brigada Militar. Todos trazidos aqui, a história mais uma vez se repetiu: um casal que não vem bem há dois anos, com histórico de agressões e ameaças, mas que a mulher nunca havia registrado nada. Fica aqui um conselho às mulheres vítimas de violência: registrem TODOS os fatos, mesmo que não queiram representar criminalmente contra o companheiro (a representação é exigida na maioria dos casos, pois sem ela a Polícia não prossegue com a investigação, porém é possível apenas deixar registrado o ocorrido). Esse passo é importante para criar um histórico dessa relação tortuosa, e para facilitar ao Delegado se tiver que decidir pela prisão em flagrante, ou não, quando as coisas se tornarem mais feias, e as agressões mais sérias.

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